Rua de Mão Dupla
O produtor do filme "Rua de Mão Dupla" teve uma ideia ousada e ao mesmo tempo inteligente: chamar duas pessoas de Belo Horizonte que não se conhecem para permanecer na casa uma da outra durante 24 horas. Pelo nome do longa percebe-se que foi escolhido pessoas opostas, divergentes, com costumes diferentes, organizado x desordenado, vaidoso x despojado, detalhista x minimalista, ... Bom, o primeiro aspecto que eu percebi nos 6 investigadores é que todos analisaram cada detalhe da casa com a câmera, seja fotos, folhas de papel ou roupas jogadas, provavelmente para se tornar mais familiarizado e à vontade naquele lugar inusitado. Nesse projeto, as pessoas sempre deixaram em evidência no vídeo os gostos e costumes em comum da dupla, como, por exemplo, o time favorito, livros lidos e preferências musicais, já que isso com certeza criou uma certa ligação com o morador ausente. Além disso, percebi que na maioria das vezes os aspectos divergentes no cuidado da casa foram considerados como "errados" pelo outro, como o lugar da pia e a limpeza extrema do arquiteto. Achei interessante que quando não era percebido algo pessoal, como fotos, o investigador afirmava que o morador era solitário. E isso é algo a se pensar, uma vez que a nossa personalidade depende inteiramente das nossas experiências pessoas e sociais, quem dirá que a nossa casa também não? E eu concordo com isso, uma moradia sem detalhe particular é uma habitação sem vida. Portanto, as reflexões que eu tive foi que a casa mostra muito sobre a pessoa, principalmente no modo de viver e em seus gostos, bem como que a imagem que o outro iria ter do morador estava vinculado ao que ela percebia do lugar.
Acho que essa experimentação tem várias camadas filosóficas, igual o moço do última dupla ressaltou, e eu adoraria saber ou até analisar isso mais cuidadosamente. Como cada casa se torna única? a casa é reflexo do seu ser? é possível a mudança de personalidade de certo individuo com a ambientação de um lugar inusitado?
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